segunda-feira, 5 de julho de 2010

Limbos e o tédio.

Acho particularmente interessante a palavra Respeito. As pessoas que mais a utilizam ( e isso quando seu orgulho é ferido) são as que mais o faltam -
com os outros.
A humanidade é mesmo tacanha? E ainda tem medo dos limbos... eu, ainda que com posse sobre as almas, me surpreendo nessa minha repartição: no limbo também tem lixa de unha e revistas de fofocas.
A gente pensa que não verá nenhuma novidade: aparece uma deturpada daqui, uma renegada de lá... mas as almas desrespeitosas são mesmo surpreendentes: largo a revista de lado e vejo a dissimulação habilidosa, e fico entre o desdém e a inveja ( inveja, sim, corromper-se a si prórpio há de ser dom).
O problema é que os apetrechos contra o tédio se tornaram obsoletos, vou cancelar a assinatura, vou deixar as unhas crescerem sem fim.
Não dá tempo de ler, de tratar, de amar ao outro: respeito.
Não há tempo para nada.

terça-feira, 2 de março de 2010

A graça do novo, ou como limbos, aos olhos alheios, parecem insensíveis.

Bem, limbos têm sexualidade, sabiam? Pois eis que, como já havia trafegado em toda espécie delas, ao longo dos anos, associam-me à insensibilidade- afinal, uma vez habitada por almas negligenciadas, eu, limbo, não posso, aos olhos dos outros ( e aos de quaisquer sexualidades), expressar qualquer atitude passional sem soar aterrorizante e desdenhoso. Certo. Lembro-me sempre do que sou, vocês sabem.

Eis que, na minha paixão ( não riam, limbos são furiosos!), fui bisbilhotar universos alheios (alheia anda bastante a minha vida, virada do avesso, com o surgimento da moça de olhos de mar). Não deveria demonstrar surpresa ( "ora", vocês pensam," onde já se viu limbo, fumando cigarros, vendo o notíciário catastrófico e/ou parcial dos jornais, numa indiferença, quase um iceberg, supreender-se com alguma coisa que valha!!!") mas vejo que são muitas as recomendações para a moça supra citada. É alertada sobre cuidado nestes novos mares da (nova?) sexualidade, para depois fazerem alusão ao poeta: ..." mas ' Navegar é preciso, viver não é preciso' ", como quem a incentiva a correr o risco talvez mais trágico da sua vida...

Pobre dos limbos.

Vocês dizem que amar é a única tônica da vida. Por que isso não se aplica aos limbos? Se suas leis não nos inclui, por que temos que nos aplicar à elas?


Já me perdi no verde mar dos olhos da moça. Mas, não esqueçam: vocês dizem que limbos não sentem. Se, na mesma "cautela" eu pudesse me utilizar de um outro poeta, diria: "Do rio que tudo arrasta se diz que é violento. Mas ninguém diz como são violentas as margens que o reprimem".
Teria sido ( não sou?), eu, um contraste de mim mesma?

Não... sei o que sou. E só eu sei o que sinto. Não me importa que mil raios de mil nuvens recaiam sobre mim. Ela desenha seu sorriso nos meus lábios e isso simplesmente... me basta. Que esperneiem, que torçam, que gritem, que louvem.


Sim... limbos sentem. Saibam de uma vez e não menosprezem meus conceitos. Sei ser furiosa, e a única coisa de mim que vocês realmente sabem:


Sou limbo.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

" Limbos e dicionários"

Hoje fui descobrir que limbo tem uma série de significados. Ora, diz o Michaelis:

limbo
lim.bo
sm (lat limbu) 1 Fímbria, zona. 2 Rebordo exterior. 3 AstrRebordo exterior do disco de um astro. 4 Bot Expansão membranosa que, a partir do pecíolo, constitui a folha. 5 Bot A parte livre e expandida das sépalas e das pétalas. 6 Círculo de bordo graduado. 7 Arco de transferidor, onde são marcados os graus para medida dos ângulos. 8 Teol catól Lugar intermediário entre o céu e o inferno onde, sem a felicidade celeste, nem as penas infernais, se encontram as almas das crianças que morreram sem batismo e onde permaneceram as almas dos justos, antes da ascensão de Jesus Cristo. 9 Lugar para onde se deita coisa a que não se liga apreço; cadoz. Pôr no limbo: deixar no esquecimento.

Não prestei muita atenção, confesso, e limbos ( eu defino!), por vezes, são pernósticos e cheios de idiossincrasia: as palavras " exterior", " livre", " pétalas", " medida" " inferno" e " esquecimento" me foram suficientes para chegar a conclusão do que sou - vocês sabem.

Uma menina de olhar inocente me escreveu. Ela faz da noite de amar, poesia. Ela coloca inocência nas noites de amar. Ela nos deixa enlouquecidos com seus desejos e medos e amor. Ela é poeta. Ela fica puta com meu portuguesinho razoável e diz que usará o Michaelis para conversar comigo. Eu a amo, ela me ama, eu amo uma moça e ela também ama outra moça que não me gosta ( quem gosta de limbos é, no mínimo, deturpado). Ela quer liberdade, com amor. E, embora eu também tenha sido isso e, ainda embora eu não quisesse jamais voltar a sê-lo, elas batem no meu ombro e me dizem: Vc é. E inferno e esquecimento e exterior se dissipam.

A moça de olhos de mar diz que gosta qdo a chamo de deturpada, até adotou este " apelido" agradável para a tua vida.

Quando ela parte, deixa todas as medidas do seu carinho. Deixa o seu vício em mim, vício dela.

Ela é uma borboleta. E tenho sido pétala... faço de mim seu abrigo. Seu carinho sem medidas me faz esquecer quem sou, e me encontrar, a cada instante.

Sim, dicionário, eu o sou. Sou todas estas palavras que adoto para tornar almas ( as minhas) menos rudimentares...

Sou limbo.


segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Mais uma noite sem dormir. Limbos ficam de péssimo humor quando não dormem, quando os cutucam sem algo grandioso que se justifique. Não basta o desassossego de existir? E ainda tocar mãos ociosas que tocam mãos ociosas que querem distância de mãos. A minha mão só desejava uma outra, que não tocou.
A moça de olhos de mar diz que saudade é bom, faz com que valorizemos quem gostamos. Acho uma teoria ocidentecapitalistaurbanaantihedonista sem nexo. Um além de princípio de prazer. Saudade é para quem não sabe manter uma relação lúdica, desejosa, fazer da rotina, ave, ainda que de rapina.
Sim. Limbos, ironicamente, tem ojeriza à saudade, mto embora lide todo santo dia com almas que as sentem.
Talvez por isso.


domingo, 21 de fevereiro de 2010

Caí da cama. Limbos tb têm seu dia de desassossego ( em verdade, um eterno desassossego). A moça de olhos de mar foi para um evento, mal dormiu. Mas sorria e brincava com meu sono, querendo que eu voltasse a repousar. Não fui. Ela diz coisas bonitas que me mantém desperta, embora quisesse apenas pousar minha a cabeça no teu ombro.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Museu de grandes novidades


Minha irmã melhora a olhos vistos. Conheci uma moça de olhos de mar que me disse que deveria escrever: e isso já diziam meu amigo poeta e meu outro amigo, quase um ímã, e outra amiga que também escreve. Minha irmã não se lembra de nada. É tão bom não se lembrar da dor! Ela fala do passado com uma alegria sem limites- " haja hoje para tanto ontem!", dizia Leminski. Minha irmã tem idade para museu antigo. Minha irmã fala do passado, sem lembrar da dor que teve ( e a que provocou), como uma grande novidade. Fico com inveja. Cazuza tinha inveja?


A partir de hoje, serei limbo.